“Porquê que o céu é azul?”, “ Porquê que o sol vai embora à noite?”, “Porquê que o avô tem cabelos brancos?”. São inúmeras as questões que os mais pequenos nos colocam, na plenitude da idade dos porquês, ao ponto de muitas vezes sermos nós próprios, os adultos, a questionarmo-nos: “Mas porquê? Porquê tantos porquês?”
A conhecida idade dos porquês, que ocorre geralmente durante os 3/4 anos, tem a sua razão de existir e traz consigo benefícios vários. Todos estes porquês surgem numa fase em que a criança começa a desenvolver a capacidade de criar imagens mentais na ausência de objectos, pessoas ou acções, que surge numa idade em que a criança já tem capacidade para questionar sobre o que a rodeia.
O desenvolvimento destas novas competências e capacidades fazem com que a criança explore o mundo não apenas de uma forma sensorial (de toque nos objectos e manuseio dos mesmos), para começar a sentir necessidade de compreender o mundo que a rodeia, pois começa a ter noção do seu próprio eu e a reparar numa infinidade de detalhes ao seu redor, que não consegue compreender, o que a leva às tão famosas avalanches de porquês, que por vezes colocam à prova a paciência dos adultos.
Contudo, apesar de todos os desafios que esta fase implica, a idade dos porquês está também recheada de importantes benefícios para o desenvolvimento das crianças, nomeadamente a estimulação da vontade de aprender, uma vez que a curiosidade leva à compreensão de si, dos outros e do mundo que a rodeia e a sentir-se cada vez mais motivada em descobrir e compreender tudo o que está à sua volta; estimula as suas capacidades cognitivas e, quando validada nas suas perguntas, encoraja a criança a não ter medo de questionar quando tem dúvidas, o que será uma mais-valia no seu futuro escolar e pessoal.
Por todas estas razões, não desespere: lembre-se que à medida que a criança vai assimilando, descobrindo e compreendendo o seu eu, os outros e o mundo, as perguntas também vão desaparecendo. Tudo o que é preciso é uma boa dose de paciência, uma atitude de encorajamento e sobretudo ajudar a criança e procurar em conjunto com a mesma chegar às respostas que ela tanto procura, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento saudável.
E não se esqueça: quando lhe surgir a velha questão do “porquê tantos porquês?”, pense sempre: “…e porque não?”
Sandra Azevedo
Psicóloga Clínica
Oficina de Psicologia
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