Quando está num avião e os comissários de bordo lhe estão a explicar as regras de segurança, uma das informações que lhe passam é a de que devem primeiro colocar a máscara de oxigénio em si próprio e só depois ajudar o seu filho a colocar a dele. A relevância desta ordem é a de que os pais têm de estar bem, para poderem depois ajudar os seus filhos.
A parentalidade é uma viagem bonita e gratificante, mas também pode ser exigente e avassaladora. No meio das alegrias e dos desafios, é crucial que os pais deem prioridade ao seu próprio bem-estar. O autocuidado não é um luxo, mas sim uma necessidade para manter a saúde mental e emocional e, com isso, a saúde de toda a família.
O conceito de autocuidado tem como objetivo nutrir e dar prioridade ao seu próprio bem-estar físico, mental e emocional. Envolve o reconhecimento de que cuidar de si próprio é uma necessidade. A parentalidade pode ser exigente, deixando pouco tempo ou energia para as necessidades pessoais, levando por vezes o sacrifício pessoal a extremos desaconselhados. Por vezes, chega até a existir um sentimento de culpa relativa aos autocuidados na parentalidade.
Desconstruir a ideia errada de que os cuidados pessoais são egoístas, é crucial para os pais. Muitos pais sentem-se culpados quando tiram tempo para si próprios, acreditando que se devem concentrar apenas nas necessidades dos filhos. No entanto, é importante reconhecer que o autocuidado beneficia tanto os pais como os filhos. Quando os pais dão prioridade ao seu bem-estar, ficam mais bem equipados para lidar com as exigências da parentalidade, nomeadamente ao nível da paciência, empatia e resiliência. Ao responderem às suas próprias necessidades, os pais podem evitar o esgotamento, recarregar energias e promover uma relação mais saudável e equilibrada entre pais e filhos. O autocuidado não é um hábito egoísta, mas antes uma necessidade para manter o bem-estar. Ultrapassar a culpa permite que os pais vejam o autocuidado como uma escolha positiva e responsável, beneficiando todo o conjunto familiar.
Deixo-vos aqui algumas estratégias práticas para vos ajudar a cultivarem o vosso bem-estar enquanto assumem as responsabilidades da parentalidade.
- Dar prioridade ao tempo pessoal. Reserve tempo dedicado à autorreflexão, a atividades relaxantes e à prossecução de interesses pessoais. Ainda, é importante comunicar as suas necessidades, estabelecendo limites para o seu tempo e energia.
- Técnicas de gestão de stress. Incorpore exercícios simples de mindfulness e meditação nas rotinas diárias. Utilize técnicas de respiração profunda e de relaxamento de forma a cultivar a calma em momentos de stress. Adicionalmente, pratique exercício físico.
- Manter um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal. Defina expectativas realistas, encontre um equilíbrio entre o trabalho, a parentalidade e a vida pessoal. Gira, de forma eficaz o seu tempo, através de estratégias para maximizar a produtividade e reduzir o stress. Procure flexibilidade e apoio, comunicando com os seus colegas de trabalho.
- Procurar apoio e conexão. Construa uma rede de apoio e rodeie-se de pessoas compreensivas e empáticas. Comunique abertamente, partilhe os seus desafios e procure orientação de amigos ou familiares em quem confia. Ainda, reconheça quando é necessário recorrer a ajuda profissional, como terapia individual ou aconselhamento parental.
Ser pai ou mãe é uma viagem contínua que requer muito amor e dedicação, aos outros e a si próprio. Abrace o poder do autocuidado e faça dele uma parte integrante do seu percurso como pai ou mãe, sabendo que, ao cuidar de si, está a ajudar o seu filho também.
Madalena Fermoselle
Psicóloga Clínica
Deixe um comentário