
Cada vez mais ganha força a noção de que as competências socioemocionais são fundamentais a um bom ajustamento a nível pessoal e social, e que é desde cedo que o seu desenvolvimento tem início. Com efeito, desde muito pequenas que as crianças demonstram capacidade de identificarem expressões básicas e compreenderem vocabulário emocional.
À medida que as crianças vão crescendo e se desenvolvendo, também as suas competências socioemocionais se vão expandindo. É muito importante que os agentes educativos vão promovendo estas competências, a fim de que ultrapassem o seu cariz de potencialidade e se vão concretizando.
Há diversas competências socioemocionais, que englobam a capacidade de identificação de emoções em si e no outro, o conhecimento das regras de expressão socialmente partilhadas, e a capacidade de autorregulação. Dir-se-ia que a capacidade de identificação de emoções é autoexplicativa, mas talvez as demais requeiram alguma exploração adicional.
As regras de expressão consistem em normas implícitas que governam as expressões socialmente aceitáveis de serem expressas em determinado contexto. Constituem guias, uma espécie de mapa emocional que nos orienta sobre a necessidade de intensificarmos, inibirmos ou disfarçarmos determinadas emoções, onde e quando.
A autorregulação, por sua vez, refere-se à nossa capacidade de regularmos a nossa expressão e a nossa experiência emocional interna. Crianças pequenas entendem que a capacidade de regularem emoções depende de fatores externos (p.e., a mãe levar-me a uma gelataria quando estou triste), mas crianças mais velhas já compreendem que esta alteração também depende de si (p.e, pensarmos em algo que nos deixe alegres quando estamos zangados).
Agora que explorámos um pouco sobre em que consistem as designadas competências socioemocionais, surge a questão de porque são tão importantes.
Para além de aumentarem o autoconhecimento, ajudarem na resolução de problemas, impelirem a ação e servirem de catapulta à motivação, benefícios fundamentalmente para o próprio, as emoções e a sua compreensão são muito proveitosas na vida em sociedade, na relação com o outro. Crianças e jovens que apresentam uma boa competência emocional estabelecem relações positivas com pares e adultos, e têm uma probabilidade mais reduzida de, futuramente, apresentarem problemas interpessoais e emocionais.
Para além do referido, crianças e adolescentes com boa competência emocional estão mais motivadas para a aprendizagem, sentem-se competentes e têm boa autoestima.
Em contraponto, a evidência empírica tem salientado que crianças com psicopatologia variada evidenciam dificuldades na consciência e na expressão emocional.
Perante todos estes benefícios, e porque “é de pequenino que se torce o pepino”, o investimento nas competências socioemocionais do seu filho/a é, indubitavelmente, um investimento no seu futuro enquanto adulto bem ajustado e emocionalmente competente.
Daniela Muro e Silva
Psicóloga Infanto-Juvenil
Equipa Mindkiddo – Oficina de Psicologia
Deixe uma resposta