
Os pais são os nossos modelos privilegiados, transmitindo-nos hábitos e práticas essenciais na aprendizagem da leitura e escrita. Os ambientes familiares onde os pais estão atentos a estas questões promovem o desenvolvimento da literacia emergente ou precoce. Esta refere-se a um conjunto de conhecimentos, competências ou atitutes que são adquiridos de forma gradual antes da aprendizagem formal da leitura e escrita.
É importante que se criem oportunidades no dia a dia para a criança interagir, manipular, explorar e usar a leitura e escrita com diferentes funcionalidades. Estas podem ser através do lúdico ou, dentro de um determinado contexto, com objectivos muito específicos. Neste sentido, a quantidade e variedade de material escrito (livros, jornais ou revistas) que existe em casa, a partilha ou leitura de histórias ao deitar, a escrita de listas de compras ou de recados, as tentativas de escrita precoce que a criança faz, os diálogos diários e ainda a descoberta dos sons da fala (consciência fonológica) e a sua relação com a escrita são essenciais para a promoção da literacia.
Também a forma como os pais leem, os sentimentos e afectos que transmitem, como foram ensinados a ler e escrever e a sua compreensão de como se aprende, tem influência no processo de aprendizagem dos filhos. Quando os pais questionam o seu papel e se envolvem mais na vida escolar, é benéfico não só para os filhos como para os próprios pais, envolvendo-se mais na aprendizagem, adquirindo mais competências, o que faz com que ganhem maior confiança e autoestima, fomentando uma melhor relação entre eles.
Assim, as crianças que desenvolvem estas competências de literacia, em contexto familiar ou escolar, estão mais motivadas e preparadas para a aprendizagem formal da leitura e escrita, funcionando ainda como uma medida de prevenção para as eventuais dificuldades na sua aprendizagem.
In, “Escrever Direito por Linhas Tortas”, da Manuscripto, editorial Presença.

Joana Rombert
Terapeuta da Fala e Terapeuta Familiar
www.joanarombert.com
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