Costuma-se dizer que na gravidez “nem tudo são rosas”. Realmente a gravidez muitas vezes é acompanhada por alguns “espinhos”! Como para tudo, algumas mulheres quase nem se apercebem destes potenciais desconfortos, enquanto outras sofrem imenso com eles.
Mais do que a discussão do porquê destas diferenças nas gravidezes (relativas à individualidade de cada mulher e mesmo ao momento da sua vida na gravidez), importa (re)conhecer os sinais / desconfortos que são inerentes à gravidez, os que se tornam preocupantes e devem motivar uma visita aos serviços de saúde, assim como eventuais estratégias para diminuir o eventual mau estar que possam causar.
Assim, falamos dos desconfortos separando-os pelos três trimestres. Neste primeiro trimestre a verdade é que a maior parte das mulheres ainda não se “sente” grávida; não há barriga grande nem se sentem os movimentos do bebé. No entanto, a maior parte sente a influência das hormonas no seu corpo.
O facto de sentirmos mais ou menos desconfortos não diz nada acerca da nossa capacidade de sermos mães ou da “qualidade” das gravidezes e por isso não deverão ser alvo de comparações entre mulheres. A ideia com este texto é mesmo apenas desmistificar, ajudar e alertar!
Alterações mamárias
Logo no início da gravidez muitas mulheres sentem aumento da sensibilidade mamária, semelhante à eventual tensão mamária pré-menstrual, mas que se mantém durante mais tempo e pode ser de maior intensidade. A maior parte das mulheres sente as mamas doridas e sensíveis ao toque. Outra alteração possível é o aumento no tamanho mamário, assim como do mamilo e alteração da coloração da aréola e do mamilo (que se podem tornar mais escuros). Tudo isto surge como resposta à estimulação hormonal aumentada durante a gravidez. A verdade é que o corpo se começa a preparar para posteriormente alimentar o recém-nascido. Boa notícia: na maior parte das mulheres a sensibilidade dolorosa, formigueiros e picadas tendem a diminuir ou mesmo a desaparecer ao longo da gravidez. Em todo o caso, é importante nesta altura apostar em vestuário confortável, sendo que um bom soutien de suporte que não magoe a mama é de extrema importância. Se a ideia for amamentar, porque não apostar já num soutien de amamentação? Existem atualmente soutiens que acompanham o crescimento mamário, pela sua elasticidade suportam e sustentam a mamas sem a magoar ou pressionar. É importante vigiar a mama e sinalizar eventuais modificações de coloração da pele, ou tumefações/durões na mama. Do mesmo modo, devem ser referidas aos profissionais de saúde a saída de líquido com sangue ou com coloração que não seja esbranquiçada ou aguada).
Alterações urinárias
Também é conhecido que a maior parte das mulheres grávidas vão imensas vezes à casa de banho urinar e parece que estão sempre aflitas. Apesar de o útero ainda não estar assim tão grande, já pode estar a mudar e fazer um pouco de pressão na bexiga. Ao mesmo tempo, as hormonas muitas vezes também influenciam o funcionamento da bexiga. Como esta situação incomoda ainda mais durante a noite, já que é muito aborrecido acordar várias vezes durante a noite, a mulher poderá diminuir a quantidade de líquidos que bebe ao final do dia e à noite; também não é recomendado durante a gravidez beber chá verde (pelos nutrientes que podem ser eliminados e que são indispensáveis). Para evitar a incontinência urinária a mulher deve exercitar os músculos do períneo (contrair os músculos como se fosse travar a urina), várias vezes ao longo do dia. É importante estar atenta aos sinais de possível infeção urinária, como ardor ou dor ao urinar, dor ou peso no fundo da barriga, ou mesmo febre.
Sono… muito sono!
A verdade é que esta alteração não está completamente compreendida no que respeita à sua causa, mas a maior parte das mulheres sente um cansaço e sonolência aumentadas no início da gravidez. A verdade é que a mulher deve aproveitar e descansar o mais possível neste e nos outros trimestres, sempre que possível! Esta sensação de cansaço pode ser acompanhada de tonturas ou sensações de desmaio; assim é importante vigiar a tensão arterial e comer adequadamente, já que também o açúcar no sangue pode baixar bruscamente (especialmente logo pela manhã) e causar estas sensações de mal estar e de sonolência. É importante despistar estas causas e corrigi-las. Por outro lado algumas grávidas também têm anemia, pelo que é imprescindível um correto acompanhamento para despiste e tratamento destas situações! Se lhe parecer que o cansaço é extremo e tem cumulativamente dificuldade em respirar ou mobilizar-se, deverá sempre referi-lo ao profissional de saúde que a acompanha.
Náuseas e vómitos
Este é um dos mais transversais e de que toda a gente se lembra quando se fala de gravidez. Parece ter uma corelação com a hormona Beta HCg (a que é identificada nos teste positivos da gravidez). Mais uma vez, podem variar de mulher para mulher e até mesmo uma mulher com várias gravidezes pode reagir de modos diferentes. Algumas mulheres apenas sentem uma leve náusea (regra geral mais pela manhã), que pode estar ou não associada à quebra do açúcar (referi anteriormente) ou a cheiros incomodativos (e mais uma vez esta temática pode ser muito sensível, pois o olfato da grávida pode estar mais sensível a determinados cheiros). Aqui o que se pode fazer antes de se pensar em tomar medicação, é comer logo pela manhã uma pequena quantidade de um alimento sólido pouco doce ou salgado, que não seja frito ou demasiado manuseado (em algumas senhoras ajuda trincar umas amêndoas torradas). As refeições ao longo do dia devem ser frequentes mas pequenas, para que o estômago não fique demasiado cheio e assim mais propenso à náusea e vómito. Os sinais de alarme são a existência descontrolada de vómitos, que não permitem que fique “com alguma coisa no estômago”, seja acompanhada de febre ou diarreia, pois pode ser uma gastroenterite. Por outro lado se os vómitos não pararem, mantendo-se ao longo do dia inteiro, é importante falar com um profissional de saúde, no sentido de se consegui despistar uma possível hiperémese gravídica.
Corrimento vaginal
Muitas mulheres mesmo sem estarem grávidas podem ter corrimento esbranquiçado (leucorreia). No entanto, mais uma vez as hormonas aumentadas durante a gravidez fazem com que o colo do útero produza mais corrimento. As coisas que pode fazer para aliviar este desconforto é realizar a higiene íntima diária com um gel que contenha ácido láctico, para que não haja proliferação de bactérias. Por outro lado, desaconselha-se vivamente o uso de pensos higiénicos diários, pois a sua utilização acaba por aumentar o risco de infeções vaginais, que podem até afetar o decurso saudável da gravidez. É de alertar os profissionais de saúde se o corrimento adquirir coloração amarela, esverdeada ou acastanhada, assim como se estiver com sangue. Outro sinal de alarme é se o corrimento tiver cheiro forte ou a “podre”.
As grávidas, regra geral, “choram por tudo e por nada”; ou então têm uma montanha-russa de emoções… em 5 minutos! A verdade é que as hormonas influem em grande monta o humor feminino, se nesta altura temos muito mais hormonas que estão a aumentar e ainda estão longe de estabilizar, é normal que o “feitio” ande mais descontrolado. É muito importante descansar o máximo que conseguir. Por outro lado, é essencial comunicar com o pai da criança ou com outras pessoas próximas acerca dos medos, anseios e receios que esta gravidez acarreta… mesmo que pareçam coisinhas parvas, é importante deitar isso cá para fora. No entanto, por mais bruscas que sejam as mudanças de humor, o humor “negativo” não deverá ser a constante! Neste caso os pais têm uma função muito importante de “monitorização”, percebendo que aquelas alterações são ou não “profundas”, alertando os profissionais de saúde se lhes parecer que o humor começa a ser mais depressivo e não conseguem alterá-lo para mais positivo.
Estes são os desconfortos mais frequentes no primeiro trimestre, embora possam aparecer outros! Falaremos dos restantes trimestre num outro texto!
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